Um pescador, uma imigrante, um agricultor e um padre. As histórias de quatro vidas suspensas pelo Brexit
No meio do caos em Westminster, sobra incerteza para a maioria dos britânicos. Como será o dia depois da saída da UE? Um pescador, uma imigrante, um agricultor e um padre partilham as suas angústias.
Cátia Bruno Observador, 14 janeiro 2019
"Incerteza", "preocupação", "medo". São algumas das palavras que saem da boca de Joseph, Alistair, Alena e Kevin, nos telefonemas que mantiveram com o Observador nas últimas semanas. Todos eles vivem atualmente no Reino Unido e todos — uns por causa do seu trabalho, outros pelas características da sua comunidade — podem vir a sentir na pele os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Na terça-feira, o Parlamento britânico vota a proposta da primeira-ministra, Theresa May, de acordo para o Brexit. Enquanto em Londres se discute se a proposta de acordo é boa o suficiente para entrar com calma num período de transição ou se é melhor dar um salto no escuro que é um Brexit sem acordo, os britânicos (e europeus) comuns vão matutando sobre as suas vidas — incluindo estes quatro.
Dois não votaram no referendo (uma porque não podia, um porque se absteve), os outros preferiram dizer Remain (Ficar). Mesmo esses, contudo, sentem-se abalados pelo vendaval político que se seguiu à consulta popular. Um admite que os argumentos dos que preferiram o Leave (Sair) também têm peso; o outro resignou-se a apoiar o acordo de Theresa May e fala na "ansiedade" em que Westminster mergulhou por estar disposto a chumbá-lo.