Os “ swing states”, estados que não votam tradicionalmente sempre no mesmo partido, podem decidir uma eleição. Entre o vermelho republicano e o azul democrata, sobram configurações púrpura que revelam as diferenças de idade, género, raça e classe social que marcam a América – e esta eleição, talvez mais do que qualquer outra. Faça uma viagem por esses nove estados, numa seleção do Expresso centrada em histórias individuais
Cátia Bruno Expresso, 8 novembro 2016
De quatro em quatro anos, em tempo de eleições presidenciais norte-americanas repete-se até à exaustão a expressão “swing states”. Os estados oscilantes que ora votam à esquerda ora à direita, sem um perfil político estanque e definido, acabam muitas vezes por votar no vencedor – caso do Nevada, em 31 das 38 eleições – e são por vezes decisivos graças à sua dimensão: basta olhar para a Florida, que representa 29 dos 270 votos necessários para ter maioria no colégio eleitoral, o órgão responsável pela eleição do Presidente (o colégio eleitoral tem ao todo 538 votos). Não é por isso de admirar que muitos olhos se foquem neles.
No entanto, a matemática que determina que estados variam em cada eleição nem sempre é simples, havendo mesmo discórdia entre muitos analistas. É certo que estados como o Oklahoma, que vota republicano desde 1952 (com exceção da vitória de Lyndon Johnson em 1964), ou o Massachussets, território firmemente democrata desde 1928 (com falhas no raccord apenas para eleger e reeleger tanto Dwight Eisenhower como Ronald Reagan), serão dificilmente apelidados de oscilantes a cada eleição. E também não há grandes dúvidas de que locais como o Ohio ou o Iowa são sempre uma surpresa, quebrando muitas vezes tendências de voto que já pareciam seguras.
Contudo, cada eleição é uma eleição e o perfil de cada candidato pode fazer oscilar as fundações mais seguras. Basta olhar para 2016: a influência consolidada pelo Partido Democrata na Pensilvânia, nos últimos 20 anos, pode estar em risco nesta eleição, com grande parte da classe operária a apoiar Donald Trump. Foi por essa razão que incluímos este estado nesta série sobre os nove “swing states” norte-americanos, numa seleção que, apesar de ter em conta a tendência de voto das últimas décadas, é naturalmente subjetiva.
Oscilando entre Hillary Clinton e Donald Trump, os “swing” podem ajudar-nos a compreender melhor que temas preocupam os eleitores norte-americanos e quais podem decidir uma eleição. Entre imigração, economia ou justiça, procurámos dar a conhecer as preocupações dos eleitores. De fora ficaram discussões sobre saúde, segurança, ambiente, diplomacia e tantos outros tópicos que seria relevante abordar. Por dentro, esperamos, ficaram as histórias e as opiniões de nove pessoas. Nove rostos entre os milhões de norte-americanos que hoje contribuirão para tornar os seus estados menos “púrpura”, participando na decisão política mais importante dos últimos anos.