Margaret Thatcher: amem-na ou odeiem-na. Quarenta anos a inspirar e a desesperar gerações
A antiga primeira-ministra britânica chegou ao poder há 40 anos, a 3 de maior de 1979. Décadas depois, e mesmo após a sua morte, continua a provocar paixões e ódios. Falámos com fãs e com haters.
Cátia Bruno Observador, 4 de maio 2019
Uma mulher de fato azul e cabelo armado, mais baixa que os polícias que a rodeiam, pára à porta do número 10 de Downing Street. Está prestes a entrar pela primeira vez na residência oficial do primeiro-ministro britânico, depois de ter vencido as eleições legislativas na noite anterior. Vira-se para encarar os jornalistas, que lhe perguntam como se sente e lhe estendem os microfones. "Muito animada, muito consciente das responsabilidades", responde-lhes, falando devagar, cada sílaba enunciada com cuidado. O seu nome é Margaret Thatcher, é ex-ministra da Educação, ex-líder da oposição e agora é a nova primeira-ministra do Reino Unido — e primeira mulher no cargo —, eleita pelo Partido Conservador.
Antes de entrar no número 10, Thatcher aproveita para recitar parte da oração de S. Francisco de Assis, ligeiramente modificada para o plural majestático: "Onde houver discórdia, que levemos a união; onde houver erro, que levemos a verdade; onde houver dúvida, que levemos a fé; e onde houver desespero, que levemos a esperança."
Quarenta anos passaram desde aquele momento. Pelo meio, Margaret Thatcher tornou-se numa das líderes mais marcantes da História. Na ressaca dos seus governos, não havia falta de gente que destacasse a sua capacidade de trazer a verdade e a esperança ao Reino Unido e ao mundo. Mas também sempre abundaram aqueles que consideraram Thatcher a portadora, precisamente, da discórdia e do erro. Quarenta anos depois, o amor e o ódio pela política e pela mulher continuam a existir. O Observador conversou com alguns dos fãs e dos haters de Thatcher, décadas depois da sua chegada ao poder, para perceber como uma só pessoa continua a inspirar e a desesperar tantos, quarenta anos depois.