Dissidente bielorrusso: “O incidente da Ryanair não vai ser o último deste género”
Andrei Sannikov, antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, é exilado político do regime bielorrusso. Esteve preso, foi torturado, mas, em entrevista à SÁBADO, não tem dúvidas: a situação no país "é mais perigosa" e Lukashenko tornou-se num "lunático".
Cátia Bruno Revista Sábado, 19 de junho 2021
Andrei Sannikov tem 67 anos e há 11 foi candidato às presidenciais. Diz que Portugal pode "dar um contributo" para ajudar a Bielorrússia.
Vimos os protestos que têm acontecido na Bielorrússia ao longo do último ano, os maiores de sempre. O que motivou isto?
Vimos os sinais do que estava para acontecer em 2020 logo em 2017, quando houve manifestações em todo o país por causa de um decreto estúpido sobre os "parasitas sociais", em que o Estado retirava dinheiro a desempregados e até mulheres em licença de maternidade. Isso levou a manifestações em mais de 2.000 cidades por todo o país. Até aí, eu e os meus colegas da oposição sabíamos que éramos a exceção à regra, mas nesse ano começámos a preparar-nos. Agora, o que provocou 2020? Várias coisas. Em primeiro lugar, a Covid-19 e a atitude de Lukashenko em relação a ela. Ele ofendeu todos os cidadãos ao ignorar o perigo da pandemia e gozou com os que morreram dela. Portanto as pessoas começaram a organizar-se: a arranjar medicamentos, a ajudar os mais velhos e os infetados, a recolher comida e a apoiar os hospitais. E creio que as pessoas aí perceberam que não precisavam do Governo.