A escola que rezou pelos rapazes da gruta. Seis “javalis” estudam aqui
A professora Napapat espera pelo regresso do aluno mais popular da turma. Wassana pondera se voltará a explorar a gruta de Tham Luang depois do que aconteceu. Seis dos Moo Pa são estudantes aqui.
Cátia Bruno Reportagem em Mae Sai, Tailândia Observador, 10 julho 2018
O ritual repetiu-se durante duas semanas. Desde que a equipa Moo Pa desapareceu, engolida pelas profundezas das grutas de Tham Luang, todos os alunos e professores da escola Prasitsart reuniam-se, pela manhã, para rezar e meditar. Pediam aos deuses em que acreditam para que os seus seis colegas que ali estudam, bem como os restantes rapazes e o seu treinador, pudessem ser salvos. "Cada religião tem uma crença diferente, mas todas ajudam", diz ao Observador Wassana Saebew, de 15 anos, aluna em Prasitsart.
Na noite do segundo dia de resgate, um dos comandantes envolvidos na operação tinha comentado com os jornalistas que o sucesso estava dependente do deus da chuva. "Tem tudo a ver com a natureza. Se o deus da chuva nos ajudar, então seremos capazes de trabalhar rápido. Mas se o deus da chuva não ajudar, isto pode ser um desafio", admitiu na conferência de imprensa de segunda-feira.
"Espero que Deus os traga de volta", comentaria Wassana na manhã seguinte, num dos vários encontros com a imprensa que a escola foi autorizando, todas as manhã, com alguns alunos. Não é certo se se refere ao deus da chuva, a Buda ou a outra entidade, mas pouco importa — a mensagem está passada. Wassana está muito séria, o cabelo negro impecavelmente atado num rabo de cavalo, a farda azul-claro engomada. Ao seu lado estão sentados outros nove alunos: os rapazes de penteado à escovinha e sweatshirts, as raparigas com a farda azul de laço ao centro e as iniciais MPS (MaeSai Prasitsart School) do lado direito ao peito.